43º Encontro Inter-Regional de Infância e Adolescência da FEPAL: Bebês, Crianças e Adolescentes em tempos híbridos:
novembro 14 - novembro 15
O 43º Encontro Inter-Regional de Infância e Adolescência da FEPAL, que celebra seus 20 anos, será realizado em Lima nos dias 14 e 15 de novembro de 2025 com o título “Bebês, Crianças e Adolescentes em tempos híbridos”. Será um espaço de diálogo interdisciplinar para refletir sobre os desafios que hoje se apresentam na criação, no desenvolvimento e nas novas formas de subjetividade em um mundo atravessado pela virtualidade, pela hiperconectividade e pela imediaticidade cultural.
A sede do encontro será no NOS PUCP (Av. Camino Real 1037, San Isidro).
Nós, adultos, nos vemos deslocados diante da criação de bebês e do desenvolvimento de crianças e adolescentes que evidenciam novas formas de constituir suas subjetividades na atualidade. Nosso contexto presente se caracteriza por uma imediaticidade em que os fatos, as informações e as imagens se sucedem sem tempo para processar psiquicamente tudo o que acontece e nos impacta como sujeitos — ou sendo processado de formas distintas das que conhecíamos como psicanalistas e profissionais da saúde, educação e outros campos. Estivemos mais centrados na elaboração psíquica e na importância de simbolizar e representar como formas de processar que, além disso, evidenciavam o desenvolvimento da mente. Encontramo-nos diante da urgência de pensar outras formas de constituir subjetividades e desenvolvimentos psíquicos, assim como refletir sobre as abordagens que se requerem de nós para acompanhar os sujeitos em desenvolvimento.
A virtualidade é uma realidade que coexiste com a presencialidade. Transitamos de uma a outra permanentemente, sem que haja necessariamente uma clara diferença entre ambas. Hoje em dia, as novas gerações são nativas digitais, e nos encontramos diante de uma hiperconectividade que, ao mesmo tempo, implica uma forma distinta de relação, na qual o outro presente não é necessariamente alguém com quem se constitui um vínculo ou um encontro afetivo. Encontramo-nos, então, com o paradoxo da presença e da ausência que se combinam de formas muito novas e desconcertantes. Muitas vezes, a hiperconectividade supõe, ao mesmo tempo, vazio, tédio, dificuldade para tolerar a frustração e a espera. O vazio pode ser um espaço que oferece abertura para que algo novo se produza ou pode significar também um buraco que intensifica angústias e ansiedades desorganizadoras. O ato pode ser uma ação que funda algo novo ou uma busca por se desfazer daquilo que resulta intolerável para o psiquismo.
Queremos gerar um diálogo interdisciplinar que nos permita complexificar e ampliar nossa forma de compreender o desenvolvimento, pensar nossas formas de aproximação e vínculo, assim como novas propostas para enfrentar os desafios que se apresentam.
Convidamos a apresentar propostas em forma de intenções de trabalho para este encontro. Os eixos temáticos serão:
Angústia, vazio e ato: um olhar desde a educação
No âmbito educativo, encontramos desafios importantes. Os processos de ensino e aprendizagem se veem afetados e atravessados pela transformação dos processos atencionais das crianças. A hiperconectividade e a virtualidade têm efeitos nesses processos. O ensino pensado para um aluno que recebe informação em tempos em que a ação e a imediaticidade se instalaram como maneiras de habitar o mundo já se encontra completamente desfasado. O trabalho de docentes e educadores, assim como de profissionais da saúde mental envolvidos com a infância, requer novas formas de aproximação para convocar a atenção e apostar na construção de uma aprendizagem em relação, em processo e sempre em movimento. Perguntamo-nos sobre o papel do docente frente às subjetividades digitais e à hiperconectividade, assim como à dificuldade de tolerar espaços de “nada” que podem ser vividos como vazios cheios de angústia e ansiedade.
Angústia, vazio e ato: um olhar desde a saúde
No campo da saúde, interessa-nos pensar em abordagens interdisciplinares necessárias para atender temáticas como as diferentes formas atencionais que as crianças mostram hoje em dia; os desafios de acompanhar adolescentes no cuidado de sua saúde sexual e reprodutiva em contextos que se tornam conservadores; tudo o que os corpos de crianças e adolescentes podem mobilizar em si mesmos e naqueles que os acompanham.
Angústia, vazio e ato a partir das artes e da cultura (inclui filosofia, justiça, entre outros)
A arte é uma mostra da potência criadora do sujeito, onde muitas vezes as palavras não bastam para dar conta de certas experiências ou onde se requer de outras produções para convocar. A arte cumpre um papel fundamental tanto para o sujeito criador quanto para a sociedade como um todo. A cultura evidencia nossas tensões como sujeitos em relação e também nossas diferenças, que podem ser tratadas de forma criativa. Nesse sentido, pensamos que a filosofia, a justiça e outros âmbitos da vida cultural têm muito a aportar quanto ao desenvolvimento das infâncias e adolescências em diálogo com a psicanálise. Vazio e angústia podem ser transformados em algo que mobilize a criatividade, assim como o trabalho em comunidade a partir do encontro entre diferentes. A criação artística é também um ato de resistência diante da incerteza e da dor produzidas pelos tempos atuais.
📌 Datas importantes
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- Envio de intenção de trabalho: 15 de setembro de 2025
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- Entrega do trabalho completo: 15 de outubro de 2025

