Hilda Botero – ALOBB – Colombia
II. Que paradoxo!
A Versão Interna: precipita a união íntima mãe-bebê a uma realidade sem opções (saídas?): os primeiros dados que carregam em si a essência da Separação. É então que –no meu entender – sugem certas coordenadas que provem sentido e existência a fatos contundentes. Há, aqui, uma conjectura imaginativa: “Mais ou menos seis meses de gestação… ‘algo’ está acontecendo no mundo uterino (útero-corpo e útero-mente, sem distinção), o único mundo do bebê está em transformação… o que acontece? pensa-sente o bebê, o que acontece? pensa-sente a mãe. Sinais de alerta acendem. Em cima já não é apenas em cima e ebaixo já não é só embaixo. O mundo dá voltas…! Literalmente… E nada será igual. O sensorial começa a se tornar narrativas, e as experiências emocionais passam a vibrar.
Vou presumir que esses primeiros dados entre mãe e bebê desse ‘algo’ que é o separar-se, são concebidos nesse momento onde o mundo físico-emocional evidencia uma mudança que ambos terão que enfrentar e gestar… Uma ideia nova capaz de produzir uma mudança catastrófica (Bion, 1966). O que é isto que se chama de limite de tempo, limite de espaço e de “ser dois”? A experiência emocional compartilhada da versão interna se desenha como o momento no qual se evidencia a iminente realidade dos inícios da separação (Botero, 1998). A isto, segue-se um processo longo e lento para configurar esta experiência como una realidade contundente.
O Parto é outra difícil experiência de Separação, perturbadora e decisiva. Além de todas estas emoções convulsionadas, mãe e bebê não permanecen unidos na vida pós-natal, o modelo Hábitat – Nicho – Ninho, se desconfigura… É de vital importância o cuidado da Salud Primal(Odent) que idealmente ocorreu até agora. Neste momento, não devem se separar a mãe e o bebê. Este é o paradoxo! Não podem separar-se agora mãe e bebê para que possam tecer pouco a pouco a experiência da separação. Inicia a escola da separação, agora contida e gestando o crescimento: Amamentar.
Continua…