Título do livro: Psicoanálisis de Niños y Adolescentes.
Trabajando en cuarentena en tiempos de la Pandemia [Psicanálise de Crianças e Adolescentes – Trabalhando na quarentena nos tempos da pandemia, em livre tradução]
Autores: Hilda Catz e colaboradores
Editora: Ricardo Vergara Ediciones
Primeira edição: Cidade Autônoma de Buenos Aires, 2020.
Como uma maneira de se pensar psicanaliticamente a realidade distópica, este primeiro tomo é o resultado de um intenso intercâmbio entre os membros do Departamento de Crianças e Adolescentes da APA, desencadeado ao se decretar a quarentena como forma de enfrentar a pandemia do vírus COVID-19.
Nas palavras de Viñar, “não é o mesmo pensar ou interpretar a humanidade de um sujeito centrando-o exclusivamente no foro interior de suas pulsões e identificações que pensá-lo imerso em seus vínculos e acontecimentos” [tradução própria]. Este livro nos fala de trabalhar em quarentena na época da pandemia como uma ponte entre os acontecimentos internos e externos que os determinam, uma vez que os seres humanos se parecem mais a seu tempo que a seus pais, como postulava Mark Bloch.
Frente esta experiência distópica da pandemia, que transformou severamente as condições de vida e do exercício da psicanálise, a proposta do livro é criar espaços de transição, de jogo, que ajam como continentes circunstanciais para conteúdos que transbordam o aparato para pensá-los; modelos conjeturais e descartáveis para transformar estas novas formas de se vincular, em uma trama que gere presença psíquica perante a ausência física por meio dos recursos que as técnicas digitais oferecem e com um posicionamento flexível sobre os tempos de duração das sessões, por exemplo, posto que variam e muito segundo a idade. Em outras palavras, pretende-se que prevaleça o olhar psicanalítico do terapeuta e seu enquadro interno sobre requerimentos que por si só estarão em permanente mudança.
Através de 9 capítulos compostos por artigos escritos pelo grupo de psicanalistas e como produto individual decantando da experiência coletiva, reflete-se sobre protocolos possíveis para o atendimento na pandemia, o impacto dela nas subjetividades, o que se pode pensar do momento histórico, as possibilidades, os limites e desafios do atendimento através dos diversos meios virtuais, a pandemia do coronavírus com suas obscuridades como também suas luzes e, evidentemente, a clínica nos tempos atuais. Formam parte também destes temas o papel do professor nesta situação da pandemia, a dimensão institucional, a função importante dos avós – tudo isso construído sob uma perspectiva intersubjetiva.
Este livro surge como resposta ante a impossibilidade de realizar as atividades habituais na Instituição. Os autores decidiram se reunir à distancia para pensar sobre como estavam enfrentando os acontecimentos referidos à pandemia declarada em 2020, com o desejo de compartilhar com os demais sua experiência.
Vale à pena mencionar uma bonita seção do livro chamada “À maneira de um Backstage” [tradução própria], na qual os autores nos permitem ler as atas das suas reuniões, precedidas por uma reflexão do contexto no qual se dá sua produção intelectual, sua maneira de enfrentar o desafio trazido pela pandemia do COVID-19 e seus efeitos em distintos níveis.
Participam deste tomo: Graciela Frigerio, Stella Aquarone, Carlos Tewel, Hebe Abrines, Catalina Martino, Alicia Szapu de Altman, Patricia Chavero, Federico Bianchi,Francisco Guerrini, Marta Lago, Margarita E. Szlak, Susana Rasinsky, Mirta Iwan, Viviana Kalmanoviecki, Sara Zusman de Arbiser, Patricia Morandini Roth, Mónica Toscano, Beatriz Markman Reubins, Solana Katz, Mariel Basabe, María Pía Isely, Mariela Cerioni, Ariana Levobic, Silvia de Egea, Valentín Torres, Cristina Buceta de Bodni, Beatriz Mónaco, Ignacio Sanvittori, Laura Jaite.