La pasión ha sido en todos los tiempos acusada de todos los males, y esperada en secreto por todos. La pasión es la sustancia misma del riesgo. Es ese resto de pasividad dentro de nosotros que se aloca al contacto de la abrasión; con la posible vuelta de la noche en luz, del hielo en torrente, del silencio en grito.
Anne Dufourmantelle, Elogio del Riesgo.
Caros Colegas,
Desde o início da pandemia, Calibán concentrou-se numa grande tarefa, incentivando os intercâmbios e novas produções escritas, como modo de resposta às incertezas e postergações destes momentos.
Assim, construímos em nosso site o espaço Notas para um mundo transtornado, com valiosos trabalhos de psicanalistas latino-americanos, em português e em espanhol. O leitor encontrará ali textos breves, notas balbuciantes das novas experiências na arena viva de nossa prática e suas transformações. Mutações como as que vivemos não admitem conclusões absolutas, mais devem ser testemunhos do que textos de doutrina psicanalítica, são ensaios artesanais abertos à incerteza e a um tempo suspenso de juízos.
Semanalmente, fomos agregando novos relatos que além de publicados no site, tiveram também uma ampla difusão nas redes de Calibán.
Em solo latino americano, as repercussões desta crise global levaram colegas e grupos de nossas sociedades a insistirem no debate e a abrirem o diálogo para além dos espaços e das questões institucionais, ampliando os laços do pensar e da investigação.
Deste modo, em 12 de junho, a Associação Psicanalítica do Uruguai, por meio de sua Diretoria científica, realizou por zoom a atividade de apresentação do número 15 de Calibán, RLP, PAIXÃO.
Deste intercâmbio, participou o autor do trabalho Discursos do ódio e mercados da crueldade, Dr. Ezequiel Ipar, em diálogo com os psicanalistas Marta Labraga (APU) e Javier Garcia (APU).
Novamente o ódio, como paixão narcísica, nos convoca de um modo muito direto inflamando os discursos cotidianos com uma feroz obscuridade, numa busca de degradação e de negação total do outro. Neste sentido, estendemos uma ponte para pensar sobre o difícil laço entre o singular e o coletivo, “para tentar entender porque os processos sociais estão fazendo aflorar nos sujeitos essas formas de crueldade e sadismo”, como propõe Ezequiel Ipar em seu interessante trabalho, publicado na seção Dossiê do número Paixão. Este Dossiê intitulado “Figuras da Intolerância” reúne um conjunto de textos que nos oferecem um saber vindo de outras disciplinas, terreno fundamental para que a psicanálise se mantenha viva e criativa.
Esta atividade acontecida na APU, com as participações dos palestrantes, está disponível e os convidamos a acessá-la no canal da Fepal.
Por outro lado, nos é muito gratificante anunciar que estamos concluindo a edição do próximo número Fronteiras, que acompanhará o nosso Congresso Fepal, em outubro deste ano.
Para este Congresso, Calibán está preparando uma mesa de diálogo, com o convite: Como faremos para viver juntos?
Vale dizer que começamos a pensar este tema antes da presente pandemia, e que agora, seguramente, a atualidade desta proposta encontrará outros rumos à luz das novas coordenadas destes tempos.