acima: “QuaintBaby”, de Laura Steerman
por Equipe Semear
Vamos continuar dialogando… a gestação é uma imensa área a ser visitada e uma realidade que exige mais atenção, mais reflexão. Assim, seguimos com a segunda parte do diálogo entre Hilda* e Cristiane**
H – Parece-me, Cristiane, que uma questão a ser abordada é justamente a da sensibilidade da mulher se tornar Mãe … o que você acha?
C – Claro! É evidente e impressionante como as gestantes vivem estados mentais de grande sensibilidade, não só ao longo do processo gestacional… principalmente no final dela. É uma observação que impressiona profundamente!
H- Como podemos abordar isso? Eu penso que a mente, ou a emotividade, é estabelecida de tal maneira que o amor é expressamente organizado para cuidar da vida que está crescendo. Se nos damos conta de onde estamos gestando, ou seja, em que nicho amoroso e protegido, como é o ventre materno, somente isso já nos faz vibrar com admiração. A natureza das emoções é orientada para a sutileza da vida em sua tenacidade e força.
C – Sim, definitivamente a gestação é uma preparação para a chegada do bebê real, a quem você tem que conhecer e para quem o espaço se abre já no mundo extra-uterino … pai e mãe agora expandem, não apenas a sua mente … venha … é real agora … e todo sentido é colocado em ação …
H -Sim, eu diria que é um estado de hipersensibilidade, em vez de sensibilidade. este “Hiper” está servindo para intuição sintonizada e atenta, expectante a cada movimento … cada respiração que fazemos em uníssono com o bebê em sua forma de amar … Que matéria prima para o relacionamento que está sendo construído! Que oportunidade de criar matrizes e cuidados amorosos … seres humanos com possibilidades maravilhosas!
C – Não é fácil viver esses dias! Embora sejam complexos, na realidade é essencial transitar precisamente esses estados mentais, pois eles ajudam a estabelecer a ligação com a criança, lhe dando um lugar de importância, que vai reverberar por todo o seu desenvolvimento.
H- Bem, agora, alguém quer comentar? Alguém quer contar uma experiência? Há espaço e tempo para isso … vamos criar diálogos que alimentem a maternidade individual, a maternidade social tão esquecida…
* Coordenadora da Associação Latino-ameriaca de Observação de Bebês – ALOBB e Membro Titular da Asociación Psicoanalítica Colombiana.
** Membro do Departamento de Saúde Mental da Sociedade de Pediatria de São Paulo e Observadora de Bebês.