Durante os dias que antecedem a Quaresma, e mesmo antes e depois do seu início, milhões de pessoas na América Latina tomam as ruas para dançar, tocar música, beber e divertir-se.Muitos destes lugares fazem-no através de tradições invulgares e surpreendentes. Apresentamo-lo aqui começando do sul para o norte, e terminando com algo do Caribe.
URUGUAI
O carnaval de Montevideo é reconhecido como o mais longo do mundo, durando 40 dias.Tem dois aspectos complementares principais: as murgas, de origem espanhola, cuja letra tem um elevado conteúdo de humor e sátira social e política, e que desempenharam um papel sócio-cultural importante durante a ditadura (1973-1984); e o cadobe, que recria as origens africanas dos escravos negros e da era colonial.
O carnaval começa oficialmente em meados de Janeiro, com o seu desfile inaugural, e as festividades duram até ao início de Março, com actuações todas as noites em palcos populares e comerciais nos bairros. Apresentam-se também nos corsos e desfiles de rua, e no Teatro Municipal de Verano, onde se realiza o Concurso Oficial de Agrupaciones de Carnaval.
ARGENTINA
O carnaval de Gualeguaychu (cidade da província de Entre Rios) é considerado o maior e mais relevante carnaval argentino. Há vários desfiles e festas, famosos pelos seus dançarinos, pelos seus participantes e pelos seus grandes carros alegóricos decorados.Realizam-se todos os sábados de Janeiro e Fevereiro, quando toda a cidade é mobilizada para os desfiles mais espectaculares, que atraem milhares de pessoas de toda a região.
PARAGUAI
A cidade de Encarnación proclama-se a “Capital do Carnaval do Paraguai”. É uma das festas mais animadas da região. Tem um sambódromo permanente com capacidade para 12.000 pessoas. É habitual pulverizar “neve” (espuma de barbear ou tinta branca) sobre os participantes das festividades. Recriar a neve de Inverno no intenso calor do Verão paraguaio faz parte da fantasia de Encarnación.
BOLÍVIA
Destaca-se o carnaval de Oruro, uma cidade de tradição mineira no Altiplano boliviano.Celebra a tradição das “diabladas”, grupos de diabos, numa dança típica da região, cada um dos seus membros encarnando uma série de diabos e diabladas, numa batalha entre o bem e o mal. São grupos de demónios e anjos disfarçados, e dançarinos representando os sete pecados mortais: orgulho, ganância, luxúria, raiva, gula, inveja e preguiça.
Tem profundas raízes indígenas, desde o tempo em que a região era um importante centro religioso e os colonizadores espanhóis não reconheciam as celebrações nativas, impondo à força as tradições católicas.
Celebra a tradição das “diabladas”, grupos de diabos, numa dança típica da região, cada um dos seus membros encarnando uma série de diabos e diabladas, numa batalha entre o bem e o mal. São grupos de demônios e anjos fantasiados, e dançarinos representando os sete pecados capitais: orgulho, ganância, luxúria, raiva, gula, inveja e preguiça.
Tem profundas raízes indígenas, desde o tempo em que a região era um importante centro religioso e os colonizadores espanhóis não reconheciam as celebrações nativas e impunham à força as tradições católicas. O desfile dura quase 20 horas e, no meio de tradições católicas e pagãs, pode-se ver belos trajes feitos à mão, música, danças e oferendas feitas à mãe terra, à virgem do poço da mina e ao El Tio, o tradicional zelador das minas de prata locais.
PERU
No Peru, cada região, tem o seu próprio carnaval, no qual o natural e o sobrenatural, o religioso e o pagão se misturam. Entre eles: O Carnaval de Puno, de Cusco, de Cajamarca, de Ayacucho, de Juliaca, de Arequipa e de Jauja. É celebrado nos meses de Fevereiro e Março. São grupos compostos por jovens solteiros, que dançam animadamente pelas ruas, num concurso para desafiar a residência do sexo oposto. Há também o ritual da yunza (o umisha na selva, e o cortamonte na costa). As pessoas dançam em pares à volta da Yunza, uma árvore enorme que é plantada no solo. A ideia é cortar a árvore para que ela caia, e o casal que der o corte final é o que ficará encarregado de organizar a yunza do próximo ano.