Dia das Mães

Madre e hijo”, de Shriya Das

Este mês celebramos o Dia das Mães em muitos países da América Latina.
Hoje compartilhamos este poema de Cora Coralina (poetisa brasileira), inspirado nesta figura fundamental na vida de todo ser humano. 

MÃE É QUEM FICA

Depois que todos vão.
Depois que a luz se apaga.
Depois que todos dormem.
Mãe fica.

Às vezes não fica em presença física.
Mas mãe sempre fica.

Uma vez que você tenha um filho,
nunca mais seu coração estará
inteiramente onde você estiver.

Uma parte sempre fica.Fica neles.
Se eles comeram.
Se dormiram na hora certa.
Se brincaram como deveriam.
Se a professora da escola é gentil.
Se o amiguinho parou de bater.
Se o pai lembrou de dar o remédio.
Mãe fica.

Fica entalada no escorregador do espaço kids, pra brincar com a cria.
Fica espremida no canto da cama de madrugada pra se certificar que a tosse melhorou. Fica com o resto da comida do filho, pra não perder mais tempo cozinhando.

É quando a gente fica que nasce a mãe.
Na presença inteira.
No olhar atento.
Nos braços que embalam.
No colo que acolhe.
Mãe é quem fica.

Quando o chão some sob os pés.
Quando todo mundo vai embora.
Quando as certezas se desfazem.
Mãe fica.

Mãe é a teimosia do amor, que insiste em permanecer e ocupar todos os cantos.
É caminho de cura.
Nada jamais será tão transformador do que amar um filho.
E nada jamais será mais fortalecedor que ser amado por uma mãe.
É porque a mãe fica, que o filho vai.
E no filho que vai, sempre fica um pouco da mãe:
Em um jeito peculiar de dobrar as roupas.
Na mania de empilhar a louça só do lado esquerdo da pia.
No hábito de sempre avisar que está entrando no banho.
Na compaixão pelos outros.
No olhar sensível.
Na força para lutar.
No coração do filho, mãe fica.

Cora Coralina

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Custom Sidebar

You can set categories/tags/taxonomies to use the global sidebar, a specific existing sidebar or create a brand new one.