Convite à escrita para o próximo número de Calibán

Transitoriedade/Incertezas

Queridos colegas,

Ao longo de pouco mais de um século, a psicanálise sustenta sua vigência interrogando a subjetividade e os modos do mal-estar de cada época. A clínica nos interpela e a prática se mantém apoiada em profundos debates, sempre necessários, ainda mais em um mundo em transformação.

Sabemos que não há certezas absolutas, o que suscita questionamentos que nos confrontam com a transitoriedade de alguns paradigmas e com a obrigatoriedade de enfrentar incertezas. E é isto que impulsiona o desejo de conhecimento.

Em seu texto Sobre a Transitoriedade – escrito no início da Primeira Grande Guerra – , Freud nos propõe outorgar ao que é transitório no tempo o valor de um plus de gozo, o que parece dar razão ao dito popular: “O bom, se breve, é duas vezes melhor.”

A certeza, embora ficcional, produz alguma fixidez que dá à vida estabilidade e consistência, ainda que esta não a tenha. Há um ano e meio,  fomos sacudidos pela COVID 19  e a certeza que costuma estar encarnada na ciência se tornou vacilante. Tivemos que enfrentar, de uma maneira vertiginosa, circunstâncias inéditas que nos transtornaram em múltiplos sentidos.

Como psicanalistas não poderíamos ficar isentos. Buscamos encontrar maneiras de manter nosso trabalho em dispositivos e enquadres diversos, mesmo diante da incerteza sobre os efeitos que essas mudanças produziriam  em nossa prática. Fomos atravessados pela ideia de transitoriedade. Oscilamos entre a perspectiva de um retorno ao que usualmente era nosso fazer e os novos horizontes que se abriram, dando início a um novo capítulo na história da psicanálise.

Os problemas sociais, políticos e econômicos de nossas comunidades, sempre existentes, ganharam um tom de urgência, e mostrou-se indubitável o impacto destas questões na saúde mental de toda a população. Se esta realidade já existia, tornou-se imperativo um contínuo movimento dos  psicanalistas – implicados em fazer frente aos mal-estares da cultura – , diante da supressão cada vez maior dos direitos de cidadania, da violência social e da ruptura dos pactos sociais de convivência.

Nessa transitoriedade, geram-se diálogos e debates sobre o fazer psicanalítico –  dentro e fora dos consultórios – confrontado desde há muito com mudanças de época, mutações civilizatórias e a criação de novos dispositivos de atenção. Reformulações clínicas, teóricas e técnicas nos convocam a sustentar um imprescindível diálogo para fazer frente à incerteza. 

Com Transitoriedades/Incertezas , tema do próximo número de Calibán, RLP, e também do próximo Congresso Fepal 2022, esperamos provocar seu interesse e abrimos o convite para que enviem seus trabalhos para:   

revistacaliban.rlp@gmail.com ou editorescaliban@gmail.com

A data limite para o envio dos trabalhos é 15 de janeiro de 2022.

Serão aceitos todos os trabalhos que estiverem de acordo com as orientações aos autores, que poderão ser consultadas nas páginas finais da revista e no site web: calibanrlp.com.

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

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